VOCÊ SE LEMBRA?
Há algo? Algo que me faça voltar? Estou aqui: no recôndito mais obscuro do seu subconsciente. Você me sente, mas não me ouve. Estou congelada em seu coração. Presa nas memórias de uma ilusão colorida. Se lembra como era caminhar com a inocência? Sentir o pôr do sol invadindo os seus olhos? A primeira estrela morando em sua alma? O ipê amarelo pintando o chão do seu quintal? Se lembra do sorriso espontâneo e da vontade indomável que te fazia querer mudar o mundo? Num lampejo de reconhecimento você saberá que me renunciou. Na ânsia de ser forte, você escolheu ser pedra ao invés de flor. Me matar aos poucos te machucou menos? Você não mudou o mundo... O mundo te mudou. Estou enterrada sob essa armadura que exibe com tanto orgulho. Estou enterrada, mas eu ainda respiro. Talvez haja fertilidade em seu solo. Talvez eu consiga brotar por entre os vazios que tenta esconder... No seu sorriso falso ainda existe um pouco de doçura. Nesses olhos tristes ainda vejo o brilho da esperança.