Deixei n'algum lugar o peito aberto,
Ah! Cabeça minha,
Largado à tudo que se avizinha,
Deixei entrar o sol, que nem era meu,
Os ventos da poesia alheia,
Sussurros curiosos rondando meu pulsar...
Bisbilhotando raras palavras,
Sentimentos nobres,
Almas pobres!
Mas vieram as ovelhas, seus pastores,
Os vendedores de alfenim,
Que nem sabia que existiam;
Estavam sobrevivendo de mim,
Do peito teimoso deixado aberto
Germinando alecrim!
Vai ver que precisava de tempero
Nos velhos e cansados poemas,
A bater em teclas que não se tocam -
Contudo, veio a bênção de Deus,
Em gritante silêncio,
Fechar o peito,
Que ainda era meu
(Taciana Valença)