PRESENÇA

Sem perceber, estamos enclausurados pela arrogância da nossa presença física e ausência mental, sem ação e comprometimento, nos arriscando a passar a viver sem perspectiva, afanados da sabedoria e experiência com a qual construir o futuro, sentenciados à repetição da história.

Vivemos numa era de informação excessiva e conhecimento superficial, apesar de sermos recipientes de vasta informação virtual universal. A reunião de conhecimento à parte do momento diminui progressivamente entre muitos daqueles que medraram com a “internet”. Noções fundamentais sobre eventos importantes e personagens relevantes pertencentes há algumas décadas passadas, e a própria história que, aqui nos trouxe, é um panorama desorganizado e distante, fundidos na insignificância e igualados no descuido.

A ignorância histórica se torna auto evidente entre os estudantes, para os quais a história virou um índice de nomes, eventos, datas, batalhas e monarcas, devido ao desarranjo relativo ao que deve ser ministrado nas escolas. O princípio modelo, um conjunto ampliável e variável de obras que passaram o teste do tempo, que deveria ser transmitido ao aluno, é considerado antiquado. Atualmente, o aprendizado e sua cronologia, são opções eletivas do estudante que escolhe temas gerais, analisa perspectivas e interpretações. Além da “internet”, que se tornou uma das poucas referências para o pupilo, o realce no questionamento abafou o ensino clássico de eventos controversos, e continuidades temporais, que foram perdidos.

Embora a possibilidade de existir uma correlação entre o ímpeto rápido do progresso tecnológico e a rapidez em que o passado recua, devemos questionar quando o desenvolvimento científico altera a forma de transmissão cultural, considerando que havia uma preocupação em não esquecer a história no tempo em que o advento da impressão se tornou corriqueiro e partilhado.

Contudo, o desleixo da memória não se deve apenas à tecnologia. Deve-se, também, ao modismo curricular copiando o grau de desordem da “internet” em lugar de prover a motivação de outras fontes para o centro das necessidades acadêmicas de modo a transformar os jovens em usuários informados.

A própria maneira como a ciência é exercida, favorece a memória de curto prazo ajustado ao sentido de que o momento existe para o bem do futuro. Elementos de estudo com mais de dez anos, são agora antigos, desvalidando alguns trabalhos inovadores do passado recente.

Alguns dos problemas atuais podem ser atribuídos à falta de visão aplicada aos recordes mais velhos da ciência, da arte, da filosofia e da história política e econômica, assimilados como fases e episódios autônomos, facilmente ignoráveis na fantasia que é a história do mundo. Dessa forma, questões mais profundas da historiografia nem são abordadas.

Para o bem de todos, da continuidade descritiva do passado, sua sobrevivência como disciplina e guia para os homens, a história ainda é estudada, escrita e lida por muitos, para que não cheguemos a um estado coletivo de amnésia.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 31/08/2017
Reeditado em 03/09/2017
Código do texto: T6099997
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