Faxina conceitual
É fácil aplaudir com empolgação e alarido o que vem do exterior e está conforme o que acreditamos ou sustentamos com argumentos ou razões, muitas vezes falaciosas ou errôneas, não por sofisma ou má-fé de nossa parte, mas por ignorância ou desconhecimento, ao seja, na incompletude de uma verdade ou da natureza de qualquer assunto, tema ou questão. O difícil, e isso por arrogância ou orgulho, é aplaudir ou reconhecer o que contradiz a nossa pretensa convicção, com argumentações irretorquíveis em sua sinceridade ou boa-fé. Reconhecer que podemos nos equivocar, que incorrer em erro não inferioriza o nosso ser, que ponderar a respeito de outras visões, outras opiniões ou outros pontos de vista não é se diminuir, mas sim acrescenta luz para o nosso discernimento, suscitando a antevisão de uma verdade ou realidade que estava obscurecida ao nosso entendimento.
Às vezes estamos sobejados de fragmentos de verdades, que chegam a transbordar do nosso ser, mas que são apenas pedaços de coisas partidas, muitas vezes desconexas. Devemos às vezes fazer uma faxina, uma limpeza geral, para dar espaço a um novo entendimento, menos preconceitual e mais lúcido, conceitualmente falando.