Amor e História.

Amor e História. Para alguém quem não conhece o real sentido de ambos e como estes dois se relacionam tão bem, seria muitíssimo convincente suas apresentações como aquelas que pautam sobre dois fenômenos completamente desassociados e ainda, o mesmo indivíduo-orador poderia ousar uma provocação como uma que afirma: ‘’ esqueça tal desventura, de amor e historia assim tão juntos, como um só!.’’ Enfim, só poderíamos de fato considerar tal indivíduo como um total inocente, se o mesmo não possuísse em seu histórico social, sequer uma piscadela nas paisagens da cidade. Começo minha narrativa falando de amor e história, por que como em nenhuma outra relação de fenômenos sociais e culturais, e não uso hipérboles, há uma concordância e harmonia assim tão fascinante. É preciso de uma maneira ou de outra, deixar evidente que tanto o amor quanto a história, são formados por memórias. As mesmas são como cracas grudadas nos cascos de ambos. Ora, o amor não é formado senão pela entrega e afinidade entre os seres vivos, humanos ou não? Talvez para a definição do amor seriam precisas bem mais que duas páginas, mas como minha pretensão é justamente ser lida por uma pessoa que já tenha experimentado do amor, ou ao menos o observado muito de perto, a ponto de senti-lo ainda que minuciosamente, o descrevo sucintamente, mas a fim de ser compreendida. Voltando para o amor, o qual é formado pela entrega e afinidade entre as pessoas, tanto a entrega quanto a afinidade que os forma, necessitam de memórias para coexistirem e enfim resultarem no mesmo. O papel das memórias são justamente fazer presente e atual as sensações e ideias produzidas em dado momento do passado, fazendo com que neste caso de amor o amor esteja em frequente aparição, digo, progressão. Semelhantemente se dão as memórias e as suas relações com a História, memórias estas que também fazem parte da formação social dos indivíduos e servem como elemento fundante da identidade histórica destes. O amor se relaciona muito bem com a história ou com o fazer histórico e vice versa, pelo fato de ambos possuírem as memórias como um dos componentes principais que fazem parte de suas força-motores. Quem trabalha a historia o faz por amor, e quem ama acaba fazendo a historia, o pano de fundo desta grande ligação são justamente as paisagens que por suas vezes vivem a tomar chá com as memórias, são amigas de longas datas por sinal. Para deixar mais clara tais relações, preciso lembrar-te de uma praça, e sabe, aquela bem movimentada, com bancos ocupados, umas cinco árvores grandes encarregadas de abrigar o canto dos pássaros? Sim. Nela há uma igreja, trata-se de uma grande praça, ali se encontram o moço que vende pipoca há muitos anos e ainda os artistas que vivem da arte, seja com pinturas em tela, com o corpo ou com a voz , há ali um estátua, um chafariz, em frente à mesma praça, do outro lado da pista, uma linha de trem e sua estação inutilizada, mas cheia de passagens, a mesma se transformou em um bar, ou um abrigo para moradores de rua. A praça é cheia de cochichos, é pintada por pegadas de gentes diferentes, gentes possuídas de singularidades e especificidades individuais, para onde andam? Observe. Cada um possui um ritmo diferente, todos desfrutam da mesma paisagem, cada um delineia uma nova característica para aquele lugar. O que mais chama atenção nestes transeuntes são suas relações com a paisagem que desfrutam e constroem ao mesmo tempo e suas trocas uns com os outros. Casais de namorados se debruçam em olhares um para o outro, e os senhores que jogam Xadrez, a cada partida, demonstram reações como de gladiadores em pleno campo de guerra, o barulho dos carros logo perde sua força em relação ao burburinho dessas pessoas que da praça percorrem para outros lugares e de outras praças percorrem para a que estamos localizados neste momento, uns saem outros chegam, todos fazem parte da mesma paisagem.

Deixam as suas histórias fluírem e as constroem em cada passo, em cada troca. Por meio de um olhar que busca mais do que se pode ver, é possível a apreensão de elementos materiais e imateriais, a linguagem, a adaptação de um povo a circunstâncias politicas, ideológicas e econômicas que muitas das vezes não o favorece.

Mirela Lourdes
Enviado por Mirela Lourdes em 15/08/2017
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