Presente de aniversário

Hoje faz dez dias que completei meus 21 anos e só agora tive tempo para escrever sobre o que aconteceu na manhã do dia 2 de Agosto de 2017.

Este ano não tem sido fácil para mim, me sinto numa montanha russa em que quando o carrinho sobe posso sentir a brisa, a adrenalina percorrendo as minhas veias e a expectativa da descida, sensação única de felicidade que compõem os muitos momentos de alegria que passei com meus amigos e família, além das conquistas pessoais.

No entanto, quando o carrinho desce, a sensação de queda livre vem acompanhado do medo, da ansiedade, da preocupação e de muita cobrança. Preocupo-me com o que pode acontecer no momento da descida como o carrinho descarrilhar e perceber que não sou forte como acreditava, por saber que não posso controlar as minhas emoções e a sensibilidade que desde sempre foram muito afloradas. Ainda estou longe de alcançar este patamar, há muito que melhorar e aprender. Certa vez eu li uma frase que dizia que a vida é uma montanha russa. Você pode gritar cada vez que houver uma descida, ou você pode jogar as mãos para o alto e curtir.

O fato é que, por alguma razão, neste ano em especial, não estou conseguindo lidar com os acontecimentos ruins da minha vida e isso me consome de uma forma inexplicável. Jamais desejaria isto a ninguém. No entanto, a minha fé é a minha âncora que me faz continuar acreditando que tudo se trata de aprendizado e um dia vou entender a razão de tudo.

No interim deste borbulhar de sentimentos, na noite do dia 1 de Agosto, eu voltei mais cedo da faculdade e no caminho de volta me veio à mente às lembranças dos meus avós tão queridos que partiram de volta para o plano espiritual. Minha avó se foi em 13 de Outubro de 2015 e meu avô em 18 de Junho de 2017. Em menos de dois anos perdi duas das pessoas mais importantes da minha vida, que tiveram papel crucial na minha infância e acompanharam meu crescimento. O vazio no peito ainda se faz presente e provavelmente sempre o fará. Nesta noite do dia 1, eu chorei muito ao lembrar de meus aniversários anteriores em que eles estavam comigo e desejei que estivessem no dia seguinte para que não me sentisse tão sozinha.

E na manhã do dia 2 de Agosto, eu acordei meia hora antes do despertador tocar e quando percebi que tinha mais um tempinho para dormir, cochilei novamente e foi durante este rápido “cochilo” que vi minha avó adentrar o quarto. Ela estava linda e vestia uma blusa vermelha. Ela então se inclinou para me dar um abraço dizendo: “Feliz aniversário, filhinha”, eu pude sentir o seu cheiro e dei-lhe um beijo no rosto e respondi: "Você é real e está aqui”. Lembro que perguntei por que meu tio Ricardo, seu filho, que faleceu em 21 de Setembro de 2011 não veio com ela e ela disse que “é difícil ele sair de lá” e antes que ela fosse embora eu comentei que mais uma poesia minha havia sido publicada num livro e ela respondeu sorrindo: “Eu sei”. Não entendi também porque meu avô não estava junto dela, talvez por ter partido recentemente, esteja ainda aprendendo sobre o mundo espiritual e não está preparado para retornar ao plano terreno.

Foi tudo muito rápido e no momento que acordei, demorei a acreditar que aquilo realmente aconteceu. Agradeci a Deus por ter permitido este encontro tão maravilhoso, pois sei que não é fácil conseguir permissão para os espíritos visitarem seus familiares na Terra e minha avó foi a primeira pessoa que me cumprimentou este ano e eu não poderia ter ficado mais contente.

Depois disto, eu percebi que não posso perder a esperança, não posso deixar com que sentimentos obscuros preencham o meu coração e cubram todos os bons momentos que vivi. Minha avó não veio ao meu encontro apenas para me desejar felicidades, mas sim para me lembrar de que no final, tudo dará certo.

Giulianna Loffredo
Enviado por Giulianna Loffredo em 12/08/2017
Reeditado em 20/09/2017
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