É, a vida é assim, tem pobre rico e rico muito pobre
Eu nasci pobre e pelo andar da carruagem, parece que vou assim ficar até o dia que a Providência Divina achar por bem me chamar de volta ao mundo espiritual de onde vim.
Minha primeira ferramenta de trabalho me foi apresentada aos sete anos com o nome de enxada e a segunda aos dez com o nome de lápis, até porque no meio em que eu vivia, ou seja, na roça, caneta era coisa raríssima. Mas tudo na vida tem o seu tempo certo de mudança.
Por volta dos meus dezoito anos já dotados de todos os valores impostos por meus gestores , que eram nada mais do que meus familiares e diga-se de passagem calçados dos mais elevados valores que um humano precisa para se dar bem em qualquer escala social, fui servir o exército, o qual coube o papel de dar continuidade aos tais valores.
Quando de lá saí me aventurei por vários lugares da Sociedade para conseguir me sobreviver, mas sempre conservando os tais valores, jamais deixando que os mesmos fossem manchados ou modificados por alguém ou pela condição de vida que levava.
Em meados do ano de 1982, resolvi por à prova meus conhecimentos num concurso Público, aí já incentivado pela minha companheira que até hoje me atura, passei e pela primeira vez na vida adentrei as portas de um Tribunal de onde só saí quando me aposentei.
Lá, nesta Corte foram vinte e nove anos e alguns meses de muita luta e dedicação, coisa que me rende hoje uma aposentadoria razoável, eu diria até além daquilo que eu previa se um dia conseguisse esse feito, me aposentar. Hoje quando pelo menos duas vezes ao dia elevo o meu pensamento aos céus em agradecimento por tudo o que consegui, agradeço também por ter conseguido me manter incólume, diante das variadas propostas de me crescer por meios ilícitos, preservando aqueles valores por mim recebidos na infância e juventude, dos quais me orgulho muito, pois sou pobre de valores materiais, mas muito rico em valores morais.
A minha maior alegria é poder viver dormindo tranquilo, carregando comigo honestidade, respeito, dignidade e amor por aqueles que me rodeiam e me amam pelo que eu sou e não por aquilo que eu tenho.
É, a vida é assim, tem pobre rico e rico muito pobre. A felicidade lhe vem pelo que você é e não pelo montante que você guarda nos Bancos e que um dia as traças irão corroer.
Quer felicidade maior do que ser abraçado por um filho, por um neto e pela sua esposa sem nenhum interesse a não ser o de lhe dizer; te amo, se tem desconheço.