O GATO POR DENTRO
“Somos os gatos por dentro. Os gatos que não podem andar sozinhos, e para nós há apenas um lugar.”
Willian Burroughs
O Gato Por Dentro é um ensaio de maturidade de Willian Burroughs ( 1914-1987), celebre autor beat autor de clássicos como Almoço Nu e Junki. Foi escrito entre 1984 e 1986 e mistura reflexões filosóficas com experiências pessoais com felinos. Pode parecer surpreendente, mas Burroughs, como Bukowiski e muitos outros literatos era um amante de gatos. Como ele mesmo diz neste ensaio, gatos servem como “familiares”, como companheiros psíquicos. Os gatos, segundo ele, servem como telas sensitivas para atitudes bastante precisas quando escalados em papéis apropriados.
Dirigindo-se aos amantes de gatos ele aconselha:
“Todos vocês que amam os gatos lembrem que os milhões de gatos que miam pelos quartos do mundo depositam toda sua esperança e confiança em vocês, da mesma maneira que a gatinha mãe da Casa da Pedra repousava a cabeça em minha mão, que Calico Jane botou os bebêsem minha valise, que Fletch pulou nos braços de James e Ruski corria para mim arrepiado de alegria.”
(Willian Burroughs. O Gato Por Dentro/ tradução de Edimundo Barreiros, Porto Alegre, RS: L& PM, 2007, p. 100)
A leitura deste ensaio entre o felino e o humano se misturam, é quase impossível nos distinguir de nossos bichanos. Afinal,os gatos são estranhamente humanos. Justamente por isso, uma das imagens mais poéticas e fortes deste ensaio seja a do gato branco que representa a própria saúde psíquica do autor. O gato branco é, em suas próprias palavras, um símbolo de pureza. Em sânscrito ele é Margaras, “o caçador que segue a trilha,; o investigador; o rastreador ágil” Seu gato branco se esconde em você.
Creio que apenas aqueles que convivem com gatos são capazes de compreender a complexidade poética deste pequeno ensaio.