Live Is Life
Ela pegou sua kombi de cor meio rosa, meio salmão, e foi pela estrada a fora.
Ela aprendeu a tocar violão para poder cantar "João de barro" nas pausas da viagem.
Uma voz potente e ao mesmo tempo meiga.
Queria ser uma viajante igual o filme Na natureza selvagem. Pela boemia que corria em seu sangue e a angústia que tinha da sociedade, decidiu sair para viver a vida que antes só existia nos desenhos que fazia nos papéis dos cadernos velhos que tinha na prateleira do quarto.
Ela fora à África... e doou seus pertences e dinheiro; fez o bem para si e para os habitantes que conheceu.
Sorriu e chorou com eles. Viu a morte arrancar as portas de madeira fina das casas do povo. Dançou e correu na brincadeira das crianças. Pediu forças para continuar. Cantou. Pôs as mãos nas cabecinhas das pequenas crianças e agradecia-os no idioma nativo deles por ensiná-la que a humildade traz beleza aos olhos e reluz o rosto.
"Quando morrer", ela diz, "será num chão de barro seco, encostada numa árvore milenar enquanto as lembranças passam em minha mente na mesma lentidão de uma música suave. Tocarei minha última canção e direi a mim mesma: Missão cumprida. Vida feliz. Grata!".