Reflexão sobre a palavra "amor"
"Amor"...
Ando absorto nessa palavra. Não penso no que designa nas ações do mundo, no dia a dia, todos sabem, mas na obviedade na qual surge esta palavra: "amor", "amor" ao próximo, "amor" ao filho, "amor" ao cônjuge, "amor" universal...
Nos casos em que surge essa palavra, uma aura de pureza parece perfumar o ar animalesco e imoral da natureza; como se a verdade em carne se fizesse imutável e nos sorrisse como uma dádiva, com os criteriosos sentimentos como fundamento da realidade...
Uma leoa, enquanto cuida de seu filhote, poríamos dizer que ama seu filho?
Instinto de proteção e cuidado como critérios para o fundamento da palavra "amor" nas ação no mundo: instinto animal - vontade de poder?
Como é vivido o "amor" na natureza nos casos em que observamos que a palavra se encaixa?
A leoa, enquanto posse de algo, cresce em força, se torna mais alerta, mais suspeita, dominadora, mais sábia - insegura? - o que para nós seria um sentido pra vida, para eles seria poder, mais vida, mais espaço incorporado a si, uma função, [egoísmo?]
O que em nossa linguagem seria: monogamia, fidelidade, sujeição e submissão - estas duas últimas mascaradas -, respeito, reciprocidade - ah ha! - mas: - desde que esteja em meu poder, ao alcance dos meus olhos, da segurança das minhas certezas, do contrário me inseguro, me deprimo - assim te amo: nos limites do meu domínio, fora destes, só depende de você: - a total indiferença da leoa ao seguir sem sua cria, ou o mínguar em nós por uns dias - não seríamos ainda animais no amor? E o "amor" um auxílio da espécie, para que nós, depois da fixação das palavras nas ações supostamente cabíveis, pudéssemos não nos matarmos, e pelo menos em família vivêssemos (no oculto dos limites) em paz?
Não cheira a cristianismo esse amor puro e verdadeiro? Ah, a família!
Não estaria o amor para além de bem e mal?
Não sou contra o amor, mas talvez o estejamos caluniando com a palavra; um dia sentiremos necessidade de outra para empregarmos a um sentimento muito diferente do que imaginamos.
... talvez o pudéssemos chamá-lo de "Amizade"?