Indolência como herança
Indolência: uma característica da humanidade - todo indivíduo é indolente em relação ao que lhe é realmente importante. Aprendemos por meio da mímica de palavras conjugadas com ações a agir conforme diz-se que em determinado acontecimento deve-se agir de tal e tal jeito. Aqueles que nos ensinam já são mestres nesta arte, já aprenderam que se algo da errado é porque saiu dos padrões. Aprende-se a esquivar-se de tudo que faz "mal", sabe-se o que "bom" e age por meio desse: fuga ao desprazer e busca do prazer.
Por meio de um impulso maquinal aprendemos a obedecer, usamos a memória de casos semelhantes como se aí houvesse mesmo semelhança, casos iguais. Agimos de acordo com o que é devido, não porque queremos, o querer está oculto, deixou de querer há muito desde a tenra infância. Não sabemos o que é querer, pensar, sentir, toda a experiência singular vai para os diabos. Nos tornamos máquinas disfarçadas de alma, emprestamos a mesma lógica da mecânica, por meio do logicismo "isto deve" "isto não deve", para interpretar estados de alma como normas de conduta moral.
É só tardiamente que o indivíduo começa a reconhecer o valor daquelas ações, e que poderia agir doutro modo: - Aprende-se tudo, mas não se sabe o valor de nada.
Aprendemos a obedecer sem questionar, inevitavelmente toda criança há de tornar-se um camelo dos pais e do mundo.
Mas, quem obedece se o movimento é mecânico? Quem interpreta? Vontade dominante: o indivíduo desaparecido na massa. A força interior que impele a agir de acordo ao que é útil.
Útil: dissolução do indivíduo, da vontade, o que aumenta o poder da comunidade, útil ao "todo". Casamento: utilitarismo social.