UM SER SEM VISÃO
O meu ser eu anda de toque em toque
Nas paredes do labirinto escuro sombril,
E assim indo vou, de toque em toque,
Vou me batendo de parede em parede,
Me bato de ombros e de cabeça, pois,
E assim me vou, de parede em parede...
E descobri de que o sol a mim me gela,
E que a lua é que me, pois, me acalora,
E se invertem funções, entre calor e gelo...
E quando tateio por dentro do labirinto
Nem vejo o sol nem lua e nem estrelas,
Somente os vejo fora do meu labirinto...
Apesar de todo o meu toque-toque vão
Enquanto tateio paredes de labirintos
Por onde vou, por aí afora, em missão,
Missão minha de viver tateando
Entre toques e toques em paredes
Do labirinto meio claro e meio escuro
Que me é a vida de que teimo viver,
E, de toque em toque vou tateando
O labirinto da vida, pois à ela sou cego...