Em círculos
As palavras desta vez estão engasgadas mas não em minha boca, estão presas nas pontas dos dedos, são as minhas ferramentas de escape, não estou conseguindo lhe dar com certas coisas.
Quando me orgulho de mim meu passado vem a tona me trazendo as mesmas dores de sempre, fazendo eu me sentir inútil e um vilão.
Aquele garotinho perdido continua a caminhar, o caminho é tão escuro e sombrio, tão solitário e medonho, meu Deus para onde estou indo tão sozinho, tão perdido e tão sem esperança?
É tão inválido fazer o que faço, os meus cortes estão em minha alma me trazendo tanta dor, está na hora de expulsar toda essa angústia novamente.
Em meio a essas arvores pavorosas existem fantasmas de minhas vítimas, falando coisas a mim, me direcionando a um lugar desconhecido.
Eu só preciso esquecer quem sou, mas até mesmo esquecendo eu consigo me lembrar do lobo faminto e agressivo que mora dentro da minha própria alma, eu estou gritando por socorro.
A noite me trás o que eu quero esquecer, enquanto caminho consigo sentir o cheiro do meu sangue no chão, mas é um sangue velho, eu sei já passei por aqui, caminhando e observando as pegadas do chão, as pegadas se encaixam nas minhas, são as pegadas do meu próprio pé, eu percebi estou andando em uma direção a anos, muitos anos, mas eu estou perdido novamente e andando em círculos, e eu só quero sumir.... Eu só quero partir daqui, mas estou cercado do medo, de dúvidas, de arrependimento, que tipo de arma sou eu? Mesmo no escuro os relâmpagos refletem nas minhas lágrimas que caem no chão e assim tem sido durante todos esses anos, eu não vejo a luz do sol, aqui não amanhece faz tempo.
Eu sei já passei diversas vezes por aqui e até mesmo a música escrita em um tronco de árvore está ali cravada na madeira do mesmo jeito, não consigo sair do lugar... Por onde devo seguir?
Meu poder é devastador mas não capaz de voltar no tempo, onde pisei jamais floresceu e por onde meu sangue passou a natureza não se recompôs, meu grito afastaram todos os corvos que habitavam nessa floresta e jamais regressaram novamente.
Aqui estamos novamente só eu e a solidão, e como sair desse círculo?
Porque não me encontram os forasteiros e me presenteiam com um tiro no peito? Libertando minha alma desse lugar escuro e solitário?assim não precisaria andar em círculos a anos, assim não precisaria lidar com a insistente solidão!