Meu amor
Nós somos um paradoxo. Exatamente, um paradoxo. Você me perguntaria o porquê e gostaria de uma resposta simples, uma frase. Eu tentaria explicar de modo breve que somos um paradoxo porque não somos uma antítese. Eu sei. Essa sucinta frase, que aos meus ouvidos foram transparentes, aos seus ainda não esclareceu o que sinto.
Poderia explicar, então, de outro modo.
Partimos do fato de que somos diferentes. Essa singela palavra talvez explique em parte. Mas não se engane ao pensar que define tudo o que somos ou mesmo quem somos. Temos essências diferentes, temos pensamentos divergentes, temos prioridades distintas, temos gostos discordantes. E ao mesmo tempo que eles se desassemelham, eles se confrontam, chocam-se na omissão ou no excesso de um com o outro. Nós vivemos a nos encontrar e desencontrar de modo impactante. Machuca-nos.
Mas permanecemos juntos. Assim como alguns polos dos ímãs se despelem, outros se grudam de tal modo que aquele vínculo se torna indestrutível, inseparável. Mesmo em divergência, compartilhamos a essência do nosso amor. Dos nossos sonhos. O meu apego é justamente na crença de que, apesar dos pesares, nós acreditamos no que sentimos, nós lutamos por nossa convivência, nós somos um pelo outro.
Eu sei. Me desculpa. Eu também te desculpo. E eu nos desculpo se não forem suficientes os argumentos para continuar, para permanecer. E tudo bem se não der certo. Porque eu, mais do qualquer um, sei que o que eu cresci e o que aprendi com você durante todo esse tempo foi apenas sucesso. Você foi uma conquista na minha vida. Nós fomos. E se não resistirmos, você sempre será uma lembrança boa.
Mas eu te digo que não há motivos para desistir enquanto formos paradoxo. Porque nos tocamos, porque nos comunicamos, porque nos atingimos, mas principalmente porque não somos antítese, somos paradoxo.