O atravessamento do virtual
A carência de si mesmo está cada vez mais presente, ou na verdade ela sempre existiu. Mas agora com os meios virtuais, torna-se mais visível.
Uma pose, um “Tim-Tim”, um sorriso, na balada, na praia, na viagem, em casa em cada momento de “felicidade”, lá está a famosa SELFIE ou até mesmo a atualização de localização e do que se está fazendo. Além da foto, a ênfase em como está se sentindo. Com quem se está e assim por diante.
Um verdadeira procura interna, com a intensão enganosa do reconhecimento de si pelos “amigos” virtuais, que é sua grande maioria. Uma verdadeira busca por aprovação, reconhecimento, na tentativa de suprir as necessidades afetivas.
Assim, vai se moldando um personagem de si mesmo. Uma máscara para um possível sucesso, amor e felicidade. Uma ilusão de pessoa feliz, de muito alto astral e sedutora, que tem relações sexuais e amorosas perfeitas a oferecer, principalmente aos “amigos”. Tudo não passa de uma imagem idealizadora de si mesmo.
Quem o vê através das redes, acredita nessa façanha. Se muitos do convívio virtual são assim, você também dever ser? E se vai mais uma postagem para as redes, já que você também é digno de admiração, amor e afeto.
Não bastando a postagem, surge o pós postagem.
Se confere inúmeras vezes durante o dia pra se ter a certeza desse reconhecimento. Muitos LIKES, novos comentários, quem curtiu, quem amou, quem uau e por ai vai... Mas, isso tudo não importa, pois a insatisfação do eu continuará presente. A fama não preenche o vazio, pois ele é interno e exige uma busca consigo mesmo e não com outros. Depender da aprovação de outros pra ter felicidade, gera infelicidade.
Esse atravessamento do virtual, deixa o contato consigo mesmo em segundo plano, perdendo a verdadeira vivência do momento que poderia gerar o autoconhecimento profundo. Apreciar-se estar só, é cada vez mais escasso, impedindo assim a compreensão das próprias emoções. Mesmo “só”, está-se interneticamente conectados a todos, pois não abandonamos nosso amigo fiel, o celular.
Produzimos os momentos ao invés de vivenciá-los. Vivemos de passado e futuro, esquecendo que a vida se dá no presente.
Deixe-se ser reconhecido pelo que és!