Deus não é brasileiro
Em 1964 nós fomos vítimas de um golpe militar com a justificativa que estávamos prestes a sermos dominados por comunistas.
Aquele evento foi apenas mais um dos vários que demonstram que há quinhentos anos estamos levando a vida sem encontrar um denominador comum que esteja acima de interesses de grupos e avaliações pessoais subjetivas.
Depois de 21 anos no governo, os militares nos devolveram um país endividado, sem condições de saldar as dívidas, com a indústria incapaz de competir com a estrangeira porque foi pajeada por duas décadas e o que foi pior, ficamos esse período sem exercitar a Democracia. Esta só se aperfeiçoa com a prática.
Estava preparado o campo para as ervas daninhas.
Quando saíram, os militares deixaram plantadas sementes do mal e como “Nesta terra em se plantando tudo dá”, elas logo germinaram e deram origem a maior Organização Criminosa, talvez de toda a Terra e de todo os tempos, que se fortaleceu paulatinamente, propiciando a formação das atuais trinta e cinco facções. Estas, às vezes parecem disputar território, mas nunca se distanciam das regras básicas da Organização.
Essa Organização tem mais de sessenta mil componentes entre vereadores, prefeitos, governadores, deputados estaduais, federais e senadores. E em volta deles gira toda uma estrutura de apoio de “assessores”, sindicatos, associações, ONGs, funcionários públicos, jornalistas, profissionais liberais de diversas áreas, professores, estudantes, empresários, etc, num número sem possibilidade de ser determinado com precisão.
Dominando os meios de comunicação, cerca de 40% da remuneração de todos os trabalhadores todos os anos e se apoderando gradualmente dos recursos públicos, criaram um sistema de escravização mental e material, sob aparência de democracia, que passou despercebido pela maior parte da população por mais de trinta anos.
Se é verdade que nos livramos do Comunismo, caímos nas mãos de seres que não se apegam a ideologia nenhuma.
Agora que a lama transbordou, tamanho é o seu volume, a população sufocada, está se perguntando - A quem recorrer?
A pergunta que a banda Legião Urbana fez em uma de suas músicas, “Que país é esse?”, já não faz mais sentido. Hoje temos que nos perguntar:
O QUÊ SOMOS NÓS? (Alheios a tudo)
DE ONDE VIEMOS? (Perdemos nossa história no início)
PARA ONDE VAMOS? (Se não nos encontramos no passado, não construímos o presente, então não temos futuro).