Contemporâneos: ratos de gaiola do sistema

Quando foi que o sol, as flores, o céu de azul-celeste, o vento, o canto das passaradas, a chuva, as árvores passaram a ser supérfluos?

Quando foi que matamos o essencial para dar mais valor ao superficial, às contas, aos prazeres que o dinheiro nos compra? Prazeres e conquistas inventados para neutralizar a vontade e nos mantermos sempre em busca de mais, como um rato correndo na roda de grades...

Não temos tempo para apreciar mais nada. O trabalho nos consome totalmente para suprirmos nossos próprios desejos que nos venderam. Gastamos o que ganhamos...

Andamos na rua com fones, indiferentes, evitamos todo contato, queremos nos isolar do mundo, dos sons magicais da existência, da vida que grita ao redor, vibra, como as vozes embaralhadas das pessoas que ouço na rua.

Temo que um dia acabe a espécie dos contemplativos e homem nenhum mais tenho sentido e olhos para ver a paisagem dos dias, a flor sozinha em meio ao asfalto quente, os olhares, o bom dia, boa tarde, um sorriso, um abraço...

Um homem que não aprecia o céu enquanto caminha, não se vislumbra com tantas cores iluminando a vida, é um morto de alma, uma casca vazia, uma epiderme, a superfície mais tosca do que há de repulsivo no homem: seus vícios, a memória da repetição dos prazeres, puro maquinismo do pensamento. Mais nada...

Nada! Nada além de hábitos cegos, que turvam os olhos do coração sem que o deixe ver a beleza simples e natural da vida...

Fiódor
Enviado por Fiódor em 06/07/2017
Código do texto: T6047301
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