Mochilas.

Estou sentada na cama. E a mochila me encara.

Tomo mais um gole de café. Respiro. Suspiro.

Saio do quarto. Visto um jeans e vou pra fora. É madrugada. Reviso minha bolsa de trabalho. Canetas. Agenda. Cadernos. Dois livros. Passaporte. Carteira. Documentos. Uma foto de rostinho infantil. Cabelo cacheados, incrivelmente finos e escuros. Olhos pretos e grandes. Um sorriso espontâneo, nariz arrebitado e fino. Pele morena. Afasto a foto e a bolsa e me vejo refletida no espelho. Meu cabelo queimado do sol, minha pele mais escura, traços mais definidos. Pelo menos o tempo dá segurança. Coloco a bolsa e a câmera no alforje. Coloco a jaqueta e a mochila. Subo na moto.

Noite ociosa. Arranco. O vento está mais gelado, mas o couro da jaqueta protege meu peito e braços. O dia vai amanhecendo, vai levando o tédio junto. Sol quente, paro num restaurante barato do Uruguai. Alguém senta junto. Sorri. E inicia uma conversa. Sim, também vai pra esse lugar. Também sente nostalgia, também deixa pessoas que ama, também ama o imaterial. E assim vamos colecionando amizades menos banais. E não é "não se apegar'', é se apegar ao real, concreto e sagrado. A Experiência!