Palavras
Quando as palavras de alguém nos ferem, não são as palavras que nos ferem, mas a nossa fraqueza que é atingida pela importância que damos às palavras desse alguém. Quando alguém me irrita, o fraco sou eu, porque me deixo irritar pelas palavras do outro. Se eu não der importância às palavras de alguém, elas não me ferirão, nem me irritarão, nem me abalarão.
O filósofo Epicteto nos diz que não é o outro que nos deixa irritados, mas a maneira como recebemos as palavras do outro. Ninguém tem o poder de me irritar. Sou eu, quando sou fraco, que me deixo atingir ou ferir.
Se alguém me chamar de cachorro (ninguém nunca me disse isso), essa palavra não me fará ser um cachorro. Se alguém disser que eu sou Deus, isso não me fará ser Deus. Se alguém me chamar de bom, isso não me fará ser bom. Se alguém me chamar de grosseiro, isso não me fará ser grosseiro. Se alguém me chamar de boiola, isso não me fará ser boiola. Obs.: Ninguém nunca me disse isso. Peguei pesado? Eu sou heterossexual.
Se alguém me chamar de "inteligente", de "gênio", de "crânio", de "humilde", de "verdadeiramente humano", de "doutor do meu coração", de "perfeito", "perfeito em amor, e isso basta", "encantador", "homem raro", "homem que eu pensava não mais existir", ou "arrogante", "prepotente", palavras que já me atribuíram, eu não serei nada disso só porque já o disseram ou o dizem.
Portanto, continuarei caminhando dentro de mim mesmo e buscando a minha evolução integral. Continuarei buscando a ataraxia e a sabedoria. Coisa de gente besta? Preciso dizer? Sou escritor. Eu vim a este mundo para amar, ser feliz e evoluir.
Eu amo as palavras que brotam de mim, porque são reflexo do meu ser.
Será que sou normal?
Uruçuí/PI, 04/07/2017.
Domingos Ivan Barbosa