Tradição e a superstição dos costumes
Tradição: - a voz dos antepassados, o sussurro cansado de um tempo morto, a moral dos costumes como alicerce das condutas de agir.
O que é a tradição? Autoridade que manda não porque é útil ao indivíduo, e sim, porque é útil ao fantasma da comunidade. Esse é o fundamento invisível moral que sustenta a sociedade. A individualidade, a experiência subjetiva vai para os diabos com toda sociedade que suprime o indivíduo através da força superior de um princípio que nos diga como proceder em comunidade - o bem e mal.
O que é mal? Tudo que é individual, desacostumado, imprevisto, súbito, incerto, livre. E o bem, que é o bem? Tudo aquilo que aumenta o crescimento e as força das antigas leis, o bem comum, a sociedade como ideal superior da alma individual. Nos tornamos rebanho.
Mas o que ordena e comanda? A quem obedecemos?
Nos tempos primitivos, tudo dependia dos costumes, e só se elevava acima dos outros para criar costumes (pajé, xaman, legislador, padre, pastor, filósofos); lei que se curvássemos diante dela, que se sacrificasse a si mesmo, sua individualidade a troco de um entusiasmo da força em comunidade, de se afirmar com as tabuas do mais "alto" valor - a moral dos costumes.
Não seria o costume apenas um espectro do deus antigo, a sombra dos ideais superiores que ainda paira sobre nossos corações?
A verdade se nos apresentou ou nós que nos apresentamos a ela esquecidos de que fomos nós os criadores de costumes?
A sombra dos antigos, suas dores, a incerteza, ainda paira em nossa alma. Há uma força que quer conservar por medo, uma superstição neste temor. É o temor da inteligência superior...
" Os costumes representam as experiência dos homens outrora sobre o que eles consideraram como útil e como nocivo; - mas o sentimento dos costumes (da moralidade) não se referem apenas às suas experiências, mas à antiguidade, à santidade, à incontestabilidade dos costumes. Eis por que esse sentimento se opõe a que se façam novas experiências e a que se corrijam os costumes: o que quer dizer que a moralidade se opõe à formação de novos e melhores costumes" Nietzsche, Aurora