De repente
De repente, percebi que estava sozinha. Ruas atravessadas, trânsito mental, ermo. O rumo? Eu o perdi, enquanto tentava me encontrar. Quanto mais procuro saídas, afundo-me mais no que há em mim. A completude que preenche o vazio. Talvez, não tenha sido, tão de repente, mas a vida passa depressa e falta-me a vontade, por ter sido desencorajada, de olhar para tudo à volta.
Já fui mais poesia, hoje, procuro ser prosa. Globalização que não proporcionou tantos benefícios, quanto se pensa. A cobrança de querer ser gente, agora, é quase lembrança. Estou eu à escuta das gotas d'água que dançam, em sintonia, na chuva, e casam com o chão que as acolhem. O silêncio me traz bons instantes e inúmeros pensamentos. Deito-me embrulhada, na mais pura inocência do amor singelo, à procura do par. Não para o resto da caminhada, mas para fazer história. Seja curto ou longo o tempo, este é para ser vivido.
O entregar gera consequências. Que azar o meu! A inexistência do contexto do romantismo e a não apreciação da melancolia nos tempos atuais. Nasci tardiamente.
A solidão me traz ideias, mas as ideias não são felizes. Estas linhas estão tomadas pelo desgosto da vida. Onde está todo o resto? Vejo rostos, mas nenhum coração. Adormecido em mim permanecerá. E, assim, sigo a trilha a lamentar. Espero poder voltar.