Homens e alunos
Talvez soe um absurdo, mas tenho a impressão que, se não consigo provocar um homem, jamais conseguirei provocar um aluno.
A sedução aparece em vários outros campos que não o do amor, e com várias funções. A verdade é que jamais seduzi um homem. Os que tive já estavam seduzidos eles mesmos nas suas ideias, decididos. Não fui nada além da conclusão que eles mesmos chegaram.
Para ser uma boa professora, eu desconfio, preciso aprender a seduzir como os inimigos fazem uns com os outros em filmes de terceira mão: seduzir contra a vontade. Provocar a ponto que o homem ( ou o aluno, no caso) deixe suas opiniões de lado por um momento a fim de ouvir as minhas, que talvez valham a pena serem ouvidas.
Isso nunca aconteceu. Nunca consegui convencer alguém de que minhas palavras servem para alguma coisa. De que eu sirva para alguma coisa. Talvez porque quem serve não precisa convencer alguém de suas habilidades.
Os homens que eu tive vieram e foram embora sabendo disso; nunca parando um momento para ouvir um palpite de minha parte. Se não consigo convencer nem aqueles que se diziam conquistados, o que farei com um aluno cujo caminho se atracará com o meu sem sua menor vontade e escolha?
O aluno tem que se enganar como se engana um rapazinho perdidamente apaixonado. Achar que quando minha aula se dá, está ele e a matéria em movimento sozinhos na sala, os dois prontos para descobrirem tudo sobre o outro. Apaixonado.