Luz

Ando luz. Ando na luz. Ando pela luz que me guia quando o sol dá vez a lua. Ando pela rua procurando a luz que um dia foi tua. Acho ela num bar de gente mais ou menos, gente como eu, e ascendo um cigarro e pego um vinho pra nós dois. Depois uma conversa ela diz que o dia já vai clarear e que isso é razão suficiente pra partir. Digo:

- Um cão anda luz.

Mas de nada adianta, ela vai embora juntamente com a fumaça azulada e solitária de meu último trago. Sinto-me mal de uma vez, como se todas as mazelas da noite me atacassem naquele único instante.

Pago a conta e vou pra casa meio caído meio levantado. O sol vai me deixando mais cansado do que eu devia ficar, começo a suado.

Chego, abro a porta e me jogo dentro daquele apartamento que mais parece um aquário de tão silencioso e parado, nem o vento circula por ali. Deito em minha cama, que mais parece um ninho de inseto, eu sou o inseto, acho aquilo muito confortável. Entro em coma mais uma vez, sétima vez só nesse mês, e acordo vomitado 14 horas depois.

JMichel
Enviado por JMichel em 29/06/2017
Reeditado em 29/06/2017
Código do texto: T6040392
Classificação de conteúdo: seguro