Devaneio

Daqui do alto da minha ignorância eu vejo muitas luzes espalhadas pelo planeta Terra. Luzes que se acendem agora, luzes que se acenderam ontem, luzes que se acenderão no amanhã.

Vi luzes, também, que já vieram e já se foram. Luzes que iluminaram as vidas mas que partiram. Umas por tanta dor, outras por tanto amor.

Quisera eu que elas ainda estivessem aqui, mas quem sou eu para saber a mecânica do Universo? A mim cabe apenas ama-las e tentar, ao menos, ser um reflexo.

Pergunto como elas lidaram com seus talentos... Mas acho que os colocaram a serviço dos homens.

Pergunto como elas lidaram com tanto poder e tanto amor.

Pergunto qual seria sua dor.

Pergunto como extrapolaram a sua humanidade e aumentaram seus horizontes e sua visão.

Sei apenas que:

Algumas luzes entendiam tanto do verbo que suas palavras transformavam corações.

Algumas luzes escreviam.

Algumas luzes cantavam.

Algumas luzes ensinavam.

Mas todas resistiam e iluminavam os corações dos homens.

Pergunto o que seríamos sem estas luzes, pois mesmo com elas ainda somos tão medíocres no amar.

Mas daqui do alto da minha ignorância eu percebo estas luzes no planeta Terra. E, como se estivesse longe, no espaço sideral, observo todas elas.

Relato, então, o futuro que percebo destas luzes:

Elas criam brotos, criam raízes, criam frutos.

Elas criam laços que se unem, não importa religião, não importa filosofia, não importam palavras, importa apenas que são luzes e começam através destes laços a se ligar, e começam a tocar você, e começam a tocar a mim, e começam a tocar a todos.

Tudo agora é uma intensa luz única e que vibra amor.

Agora passa a minha ignorância, agora passa sua dor, agora passam injustiças, guerras, ódios, orgulho e egoísmo.

Agora os homens, finalmente, aprenderam a criar pontes entre si, e então se encontram, e então se ajudam.

Percebo agora que alguém no mais alto e longínquo dos céus sorri.