Intervalos Vitais
Vislumbro a vida em suas frações de tempo;
Na arte das quatro estações e seus contornos, movimentos...
No beijo dado e não dado, abraços não formados ou ofertados,
No olhar genuíno, no sorriso exageradamente explícito ou dos implícitos,
Que poucos um dia “chegou” e literalmente vivenciou ou contemplou.
Vislumbro a vida ao defrontar-me com velhos e novos acontecimentos,
Alguns abruptos, outros minúsculos, ambos de causa e efeito, em intervalos vitais,
Que eu seu somatório, gotejando tempo que dispensa o relógio,
Contam-nos das coisas que passam e daquelas que “nunca” passou.
Coisas que o tempo presentou e que por nossas escolhas ele mesmo sequestrou.
Reflito o controle ilusório, como se tivéssemos uma ampulheta da vida,
Virando de um lado para o outro buscando domínio ou reparação.
De coisas boas que não cogitamos ou tantas outras que a duras penas nossa história embaraçou.
Contudo a vida permanece linda, complexa e irremediavelmente curta e passageira,
Nessa terra de ninguém, ou pessoas que pensam ser mais que qualquer alguém.
E, diante dessa grande ilusão de uma vida que passa; que nos mastiga e nos abraça...
Que mais cedo ou mais tarde, chega e nos raptam pra outro espaço ou dimensão.
Quero ser “rica” apenas de bons sentimentos; de suaves ventos; pessoas queridas,
Almas belas e amigas, que nesta roda gigante e sempre oscilante,
Ajudam-nos a eternizar o essencial; o que hoje positivamente se faz presente, e das coisas imensuravelmente boas que já passou.