PESSOA
(Epílogo)
A origem de pessoa, para o português, deriva de máscara – o objeto – que esconde, engana ou literalmente que mascara a realidade.
Na evolução semântica – o significado – máscara passou indicar o ator, ou seja, aquele que simula (finge) algo e posteriormente significou (continua significando até o momento) o homem, o que define não somente o ‘ser homem’, mas, sobretudo, os papeis e funções que este ‘homem’ desempenha em uma sociedade. Como conceito histórico outras transformações sucedem.
Transformações são fenômenos em constante construção e desconstrução materializados pela coletividade humana. Nesse espaçotempo, em relação à pessoa, como ente ou fenômeno humano, podem ser percebidos elementos em seu interior que indicam possibilidades da necessidade de um novo conceito – ou a reconstrução do velho.
Nos discursos, que fundamentam os modos de pensar e de agir, encontra-se quem afirma (e defende e age em acordo) que nem todo ser ‘humano’ é pessoa; outros há que sugerem que alguns animais são pessoas; há ainda quem indica considerar que certos animais são mais importantes que bebês humanos. Esses enunciados discursivos, sempre acompanhados de uma prática correspondente, instauram instabilidade no significado do termo ‘pessoa’ e tende(rá) alterar a sua semântica.
Refletir sobre isso pode ajudar na compreensão do processo humano na construção de significados e representações sobre si e sobre a realidade.