O poeta ouve o povo.

           O poeta na praia de Copacabana, e sempre há alguém pronto para prosear, que ele pacientemente ouve, com todo seu poetar. 
           Penso que disso se alimenta a alma de um poeta, de retalhos coloridos de vidas, da sua própria e das já sabidas, como um extenso almanaque que se possa abrir em qualquer página, e nele encontrar riquezas que não se podem roubar.
           De Drumond, já lhe tiraram os óculos, algum maluco por aparatos querendo se mostrar, e nem por isso o cegou, continuou firme no propósito de escutar, e ao fundo as ondas sempre ao acompanhar.
          Esta foto me chamou a atenção no Google, e resolvi me apoderar dela por um minutinho, e dizia a matéria; " Drumond ouvindo um bêbado", nem sabiam se era ou não um bêbado, talvez não fosse, e daí...e se fosse ? O poeta o ouviu naquele instante de solidão, no desabafo torpe de uma voz vazia.
          As estátuas urbanas ao rés da calçada são feitas para interagirem, e grata ideia essa, que podem nos aproximar e levar um retrato abraçado a um amigo, pois estando assim , fora do pedestal, passa a ser um de nós . 
         " Drumond", quando passar por aí lhe tomarei um dedo de prosa, quero lhe perguntar sobre a inspiração ".
           

 
Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 19/06/2017
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