O Que Quero
Às vezes penso que vou conseguir. Mas não. É difícil. Antes não seria tão doloroso o que agora tento pra que me sinta minimamente mal, até porque se eu desejasse realmente me sentir bem teria que me apegar ao impossível... Não posso mais voltar... Nunca pude nem poderia. É por isso que estou tentando. Tento chorar minha impotência.
Mas a garganta aperta, os olhos marejam, o coração se desloca entre batidas confiantes porque ele sabe que precisa, ele quer tanto quanto eu que isso que nós estamos sentindo de alguma maneira nos dê o vislumbre de uma trégua, que aquelas gotas que têm o poder de redimir ou de condenar ao menos nos permitam acreditar que o que chamo de Amanhã ainda pode estar nos aguardando, que ele e eu um dia poderemos estar com a graça de uma esperança a nos acariciar, que talvez isso que agora nos espreme seja só uma necessidade daquilo que sempre desconheci em mim quando minha angústia se torna maior que meu Agora. Só algumas lágrimas... Isso não é pedir demais...
Mas a quem peço? Quem poderia me ouvir quando sozinho me proclamo eu mesmo? Quando sem ninguém percebo que ser alguém não é tão simples quanto ser ninguém, e que precisar de alguém me desfaz a ideia de que ninguém me daria o que preciso?
Só algumas lágrimas... Ao menos isso...
Já que pra ter o que realmente quero tenho que me perder diante do que não quero...
Quase... Não foi agora. Sei que ainda estou fraco.
Chorar é para fortes...