SENSE

Sempre achei que era o entendedor de todas coisas... Acreditando que as entendia passei a compreendê-las como uma vocação. As coisas existiam e, para mim, em cada percepção, um sentimento novo nascia como convicção de que, verdadeiramente, eu era bom em entendê-las.

Hoje parei para contemplar o céu...

Tentei ser além da compreensão. Ousei sentir o que há além do céu quotidiano. Éramos: eu, olhando o céu, e o céu...

Mas, não sei o que sinto enquanto olho o céu... Algumas pessoas me olham mas, ninguém sabe o que sinto... O meu sentir, agora, pertence a uma lógica cuja existência desconheço... E que assim seja. Sentir na ignorância...

Estou rindo agora... Pareço feliz por isso...

Mesmo que não tenha acontecido nada entre eu e o céu, além de olharmos um ao outro, não consigo fugir à análise de que, sou um idiota sentindo. Pois, rapidamente, volto à insistência de querer compreender o céu durante essa sensação...

Nesse instante, sou um jogo de poder entre o saber e o sentir, vivendo nesse limiar de conhecer-me, totalmente, enquanto olho o céu...

Ah! Se eu soubesse mais, talvez sentisse menos... Mas, o que sinto é melhor não saber, pois seria compreensão...

Deixo-me ser esse sentir sem saber.

Há tanto céu para sentir... Pra quê compreender o que sinto, enquanto olho esse céu?

Olhando, acredito que do céu compreendem-se coisas para eu sentir

Mas, deixo o céu ser o que é, sem mim...

Sempre será céu...

Sempre será infinito,

Sempre será maior que eu...

Hoje consigo entender o céu

Sou tudo isso...

Sentindo.