Refugiados

O mar do mediterrâneo estava agitado.

Pessoas vislumbravam um caminho desconhecido, inusitado, para ser por eles um dia habitado.

No refúgio dos animais marinhos, as pessoas alojavam-se nas embarcações agitadas.

O sentimento de renovação ia passeando na mente daqueles que buscavam abrigos.

Ali, só as ondas mantinham o seu percurso natural.

As ondas também podiam tocar suavemente na face do menino na beira da praia.

Menino com o pulsar paralisado, inerte.

As ondas serviram de cenário para os passos do mestre do amor que caminhou sobre as águas do mar.

Milênios após este episódio, em nome da religiosidade existem combates, intolerâncias religiosas, massacres.

São fatos, são fardos, são prantos.

Os muros das lamentações, as sinagogas, as referências religiosas sentem o clamor dos que buscam renovar cada passo diante dos que ficaram nos escombros lá fora.

Muitos vão embora com poucos pertences, mas com a renovação latente de um dia vivenciarem momentos menos turbulentos no Oriente.

Quais bandeiras conseguem vislumbrar?

No pulsar dos sobreviventes o olhar é de poder ver e sentir o renascer do sol e perceber o seu lado poente, é poder vivenciar instantes com os seus descendentes, seus costumes, seus parentes.

O cenário do mediterrâneo após os ataques misturam-se ao som das lágrimas e sirenes.

Na renovação de novas horas, o mediterrâneo que deu lugar as embarcações, sente as ondas que renovam o seu percurso natural, acolhem os animais marinhos, acolhem os que buscam um novo ninho.

São imagens lamentáveis, são famílias vislumbrando um novo caminho, são instantes para nos solidarizarmos, são os que compõem o cenário que deveria ser modificado.

Afinal, são fardos, são prantos, são fatos, são os refugiados.

SHIRLEY LIMA
Enviado por SHIRLEY LIMA em 26/05/2017
Código do texto: T6009971
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