Filho meu

Amanhece...

E aos poucos desabrocha o dia

Muitas histórias com lágrimas foram vividas

Filho pequeno, filho meu

Mais uma vez a ausência de carinho paira no ar

Por várias vezes presenciou gritos e lamentações

E nada fazia

E eu sempre a falar, a falar

Você tentava fazer algo, mas não conseguia

Tentava sair, só o corpo seguia

Mas o seu pensamento estava lá

Pensando em alguma forma resolver

Tentou gritar

Ninguém escutava...

É gritante a falência múltipla nas colunas sociais

É triste ver uma criança chorando, suplicando por amor

E seus pais sempre ausentes...

Adiando o amor assim para outros dias

E nada fazia...

Todos os dias cobriam de presentes

É sempre diziam que te ama

Não sabia eles, que era amor que ele mais queria

Presente sem atitude de amor

É suprir a violenta ausência de um amor não correspondido.

Pra quê presente, se não existe amor?

O filho cresce

E mais uma vez nada encontra...

E sai à procura de algo, pra sair desse mundo

É fácil encontrar alguma coisa que prorrogue o sofrimento,

É muito fácil...

Beber causa cirrose

Fumar causa infarto

Criança sem amor

É filhote para o tráfico.

A droga só prorroga o sofrimento

Não é cura pra nada e ninguém

Por um instante pode até abastecer o teu ego

Você vira bolinha

Vira avião para o crime organizado

E o dia passa e você continua vazio

Só o amor vai te preencher

Se embriague de amor

Tenha overdose de amor próprio

Dê um cheiro num cangote de uma menina

E não cheire essa droga que te mata aos poucos

Prorrogue sua existência nessa vida.

Mesmo que não tenham amor por você

A melhor coisa da vida você tem

A tua vida

Estupidamente ame

Mesmo que a ausência de amor seja tão presente.

Simplesmente ame!

Emília Galvão
Enviado por Emília Galvão em 23/05/2017
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