Devaneios
Devaneios
Quem me olha nem imagina, mas meus sonhos são miúdos:
Uma cama que convida pra mais um cochilo. Uma mesa de madeira no quintal pra tomar chá nas tardes frias. Uma casa com piso de madeira e cercas brancas, dessas que não nos trancafiam porta adentro. Dessas que nos convidam a entrar... Não que eu queira visitas além de passarinhos e borboletas. E o barulho de vento, da chuva, das águas que se derramam com o tempo.
Nada mais.
Os meus sonhos são pequeninos: no meu refúgio um punhado de livros que eu degustarei sem precisar vomitá-los. Um punhado de discos que eu ouvirei sem precisar cantarolar...
Quiçá um amor pra vida inteira, desses de dormir abraçada nas noites tempestuosas, de rir solto das histórias perdidas.
Mas isso é coisa dos filmes antigos que enchem minha estante...!
Consolo-me em apenas testemunhar (vez em sempre) os delírios que a arte inventa pra nos preencher a vida vã.
O que eu quero parece tão pouco, mas tão distante nesta caótica cidade, entupida de frenesis tão tolos quanto ligeiros.
Nada aqui se assemelha aos meus anseios
de silêncios que se ouvem, olhares que se demoram e a calmaria que encontra logo a frente o próprio passo lento, desatento do chegar.
A.quela
22.05.17