NA VIA DA RETIDÃO
Na vida, mesmo que haja empecilhos e barreiras aparentemente intransponíveis, temos a possibilidade de nos mover de uma situação à outra, seja pela via da retidão, seja pela via da sabedoria. Pois os desafios que enfrentamos a cada dia que passa nos motiva a viver uma luta sem trégua, uma luta que segue até o fim de nossa breve jornada. Nesse meio tempo, as empreitadas que precisamos levar adiante nos impulsionam às auto-realizações e às edificações dos mais belos projetos. Sendo assim, o que esperar daqueles que pouco lutaram e sofreram? O que esperar daqueles que nunca sentiram alguma vez na vida o fogo das tribulações trazerem algum ensinamento para suas vidas? Na medida em que reina a gratidão por cada conquista germinada em nosso ser, há o reconhecimento de que há um propósito para tudo o que fazemos de benevolente nessa vida, o que torna possível todo o esforço dos humildades e dos sábios de coração! Pelo sofrimento gerado pela angústia (estado de espírito que nos faz olharmos para o mundo de uma maneira mais inconvencional, sem aquela alienação que nos mantém inativos e conformistas) conseguimos perceber com mais profundidade o que vale a pena nos apegar e o quanto é importante lutar pelo que acreditamos, sabendo que teremos uma outra perspectiva a respeito da relação que estabelecemos com as pessoas e com as coisas ao nosso redor.É nesse momento que a con-vivência deixa de estar somente pautada em qualquer jogo vazio de interesse, passando a ter mais importância uma relação mais singela e verdadeira. O cuidado, nesse caso, volta a ser prioridade na relação que estabelecemos com aqueles que amamos; e não somente uma relação objetal que esvazia o substantivo amor (Ágape) de seu sentido mais profundo e fundamental. Sem paixão pelo que lutamos, acreditamos e nos apegamos, dificilmente conseguimos agir contra as adversidades da vida; é nas adversidades e nos contratempos que ganhamos coragem para mantermos com a força de nossa perseverança relações mais autênticas, até porque conseguimos adquirir mais vigor espiritual a fim de superarmos aqueles males que assolam a vida de todos. É nos momentos mais árduos da vida que experimentamos a liberdade de ser nós mesmos; é no momentos onde a nossa integridade é desafiada e confrontada, que conseguimos ser pessoas mais transparentes e verdadeiras com os outros, com a nossa própria existência e com Deus. O que é este último senão aquela fonte primordial de onde todas as coisas boas da vida se tornam possíveis, tal como um clarão graça e virtude irradiando sobre as trevas densas de nossa época? Sentimos que podemos ser livres quando o desapego aos falsos valores (daqueles valores que não contribuem em nada para o nosso amadurecimento como pessoas melhores) se torna a nossa grande aspiração.Enquanto encontrarmos saídas e aberturas diante das fatalidades pela vereda da santidade; ou, então, enquanto permanecermos na boa via (na via que sempre nos mantém numa vida de paz e de retidão), seremos livres para sonhar com as promessas de boas novas, e livres para acreditar nas belas alvoradas enriquecidas de glórias e de renovos espirituais.