Um dia sem nós
Ah, essa época em que vivemos!
Somos donos de tudo, donos de todos. Controlamos pessoas, as mais fracas é verdade, controlamos também animais, esses podem ser o que for, fracos, fortes, destemidos, dóceis. Assim acontece todos os dias. É um rítmo da nossa música, notas diferentes e distintas a compõem, ora suaves ora brutas. As notas suaves, acho que no começo da canção, nos falam do amor que temos e podemos ter com os outros seres. As notas brutas, aquelas do meio e final da canção, nos falam de como podemos ser e somos cruéis com os outros seres.
Quantas vezes eu, em minha mais pura ignorância de criança, dei risadas, me surpreendi e me emocionei com os circos em que tigres, elefantes, ursos, macacos e mais outros davam o espetáculo. Pensava em como aqueles animais eram inteligentes. Daí cresci. Descobri por que aqueles animais faziam o que faziam. Meu Deus, se me desses o poder de fazer o que é certo, tiraria todos os animais das mãos do homem. Um poder o Senhor, esteja onde estiver, seja quem for, em sua imensa sabedoria me deu, posso escolher não fazer o mal. Posso escolher o alimento que ponho na mesa, o espetáculo que vejo, as roupas que visto, se tomo ou não remédios. Mas Senhor, lhe faço uma pergunta. Por que nós temos que escolher? Por que não podemos ser obrigados a fazer o bem? Se todos os outros animais fazem o bem, por que nós temos que escolher? Será que aqueles animais também escolheram e não sabemos?
É, parece que esquecemos quem somos. Ainda fazemos parte da vida, da vida natural, por mais que não queiramos.
Hoje estou aqui, penso em tudo. Penso nas pobres pessoas que morrem por questões banais. Sabe, tento tanto achar a solução, e em minha ínfima sabedoria do mundo acho apenas uma solução. Devemos tratar a vida que sente com dignidade, devemos respeitar os sentimentos dos animais, pois é só assim que respeitaremos a nós mesmos.
Então, em meus momentos de menor lucidez, desejo ver ao menos uma vez pra quem sabe descobrir como seria o mundo num dia sem nós.