Castelos de areia

Somos frágeis. Qualquer vento um pouco mais forte nos derruba feito castelo de areia. Por isso tão mortais, nossas mortes se manifestam a todo instante, morremos a cada minuto, renascemos a cada segundo. E tudo cresce em ritmo infindável e perene. Mas tudo o que? A vida. Ela é o tudo que permeia o todo. O desafio é tentar não reduzir o tudo em nada. O existir humano é tão insano que nos insere diariamente nesse desafio, alguns suportam, outros nem tanto, muitos enlouquecem, e a maioria (como eu) simplesmente vai levando a vida fingindo estar tudo bem. O existir humano é tão trágico que qualquer rota mal calculada resulta em estradas contendo irrevogáveis abismos como destinação. Renasceremos novamente. A vida é contínua metamorfose. Uma questão do quão exímio és tu na arte da ressurreição. Pois o penar humano incide justamente devido sua intensa inércia espiritual. Os homens se movimentam, isso qualquer caracol também faz. A mágica acontece quando o movimento fomenta transformação. Ações estéreis são apenas desperdício de energia. Mais vale celebrar a dança das nuvens nos palcos celestes do que bater cabeça pensando estar fazendo algo além de exaurir um corpo físico. A lagarta jamais tornar-se-ia borboleta caso não respeitasse o tempo da natureza. O homem é doente pois se encontra incrivelmente obtuso ante a natureza. De todos os lugares por onde passei, a única coisa que avistei foi uma manada de robôs violentos e malucos. Quando finalmente honrarmos a criação, haverá compreensão, respeito, harmonia. E luz.