Chuva

Eu queria por um instante ser mais que uma gota de garoa, para que ao tocar lhe o rosto, olhaste para o céu e assim haveria de ver pela ultima vez a plenitude dos teus olhos. Aquela gota grosseira que antecede a tempestade, para que sentisse meu toque. por mais que tal ato já não caiba a um desejo insano, é um capricho que meu ego não negaria. Escorrendo-lhe o corpo delicadamente para que pudesse ao menos me dar o breve cheiro de sua pele.

E mesmo que eu me extinguisse em curtos segundos, tu terias recebido minha despedida. Ser a chuva que desarruma seus cabelos, molha suas roupas, te traz vontade de ficar na cama. A insolência de deixar vestígios.

Meus devaneios se cessam.

Pois já me aglomerei com suas lágrimas e em contraposto tu já deixaste de olhar pela janela pra não me ver caindo. E mesmo no calor quando por mim almejou, abstive-me de aprecia lá mais uma vez. Erroneamente induzida a ter por si que as constantes vindas não haveriam de mudar.

E por mais que tenha decorado teus trejeitos e teus gestos a lembrança se ofusca propositalmente. Faço-me esquecer de todos os detalhes que eram você.

Só pra que quando tua persona esteja se esvaecendo de mim, me leve a condição de ser chuva novamente. cair sobre ti. percorrer cada traço que já não me cabias reconhecer.

Pra dessa vez, outra vez

finalmente esquecer.

Patrícia Campanholo Pereira
Enviado por Patrícia Campanholo Pereira em 27/04/2017
Reeditado em 11/08/2019
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