Chuva
Eu queria por um instante ser mais que uma gota de garoa, para que ao tocar lhe o rosto, olhaste para o céu e assim haveria de ver pela ultima vez a plenitude dos teus olhos. Aquela gota grosseira que antecede a tempestade, para que sentisse meu toque. por mais que tal ato já não caiba a um desejo insano, é um capricho que meu ego não negaria. Escorrendo-lhe o corpo delicadamente para que pudesse ao menos me dar o breve cheiro de sua pele.
E mesmo que eu me extinguisse em curtos segundos, tu terias recebido minha despedida. Ser a chuva que desarruma seus cabelos, molha suas roupas, te traz vontade de ficar na cama. A insolência de deixar vestígios.
Meus devaneios se cessam.
Pois já me aglomerei com suas lágrimas e em contraposto tu já deixaste de olhar pela janela pra não me ver caindo. E mesmo no calor quando por mim almejou, abstive-me de aprecia lá mais uma vez. Erroneamente induzida a ter por si que as constantes vindas não haveriam de mudar.
E por mais que tenha decorado teus trejeitos e teus gestos a lembrança se ofusca propositalmente. Faço-me esquecer de todos os detalhes que eram você.
Só pra que quando tua persona esteja se esvaecendo de mim, me leve a condição de ser chuva novamente. cair sobre ti. percorrer cada traço que já não me cabias reconhecer.
Pra dessa vez, outra vez
finalmente esquecer.