Dias

há dias em que não me reconheço, em que ser-estar no mundo não me pertence.

há dias em que meus sentimentos mais diversos se embolam todos na garganta e eu quero vomitar até não sentir mais nada,

até não ser mais nada.

há dias em que sou feito uma bomba relógio predestinada a sucumbir qualquer ser perto de mim.

há dias em que só sentir não é o suficiente, eu preciso morrer e renascer várias vezes só pra sentir sua mão pairando sobre mim, acalentando meus demônios.

[você já os conhece tão bem, mais do que a mim]

há dias em que não cabe mais nada em mim,

eu não caibo mais aqui.