Quase um diálogo

Após um bom tempo em que eu convivo com a tua ausência em minha vida, você se materializa em meu celular com um simples “Oi”. Passo uns dez minutos sem reação, mas decido responder com outro “Oi”. Sua resposta é quase imediata. “Como cê ta?”. Juro que não sei como respondo a essa mensagem, pois não sei como estou. “Será que você quer mesmo saber a verdade?”. A verdade é que eu vivo acompanhado da tua ausência. Tudo na minha casa e na minha vida respira a tua falta. Eu passei semanas e semanas bebendo saudade, me embriagando com o teu cheiro que ficou no travesseiro, perdido em recordações. Sou abraçado todos os dias pela solidão. Pensei em digitar a verdade, desabafar. Ou digitar apenas um “Não sei”, mas isso me faria ter que explicar. Eu teria que pedir para você voltar, pois eu ainda estou jogado no chão, cheio de mágoa e desilusão, meu pobre coração despedaçado, largado. Por isso só respondi “Estou bem”. Fim da conversa.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 22/04/2017
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