Alienação às Avessas
As pessoas são escravas de suas sensações. Maravilham-se com qualquer fútil informação sobre si mesmos, ou qualquer fantasia que possa dar asas a sua paralisia existencial - ausência de linguagem segura para os fenômenos psicológicos/subjetivos da alma humana. Não posso deixar de inferir o quão estão reféns de tudo. Indefesos e passivos a tudo que se passa ao seu redor, parece improvável uma aquisição ou domínio sobre os conteúdos que lhes envolvem. Não poderia sentir pena, contudo. Prejudica-me toda esta futilidade, pois ao contrário das minhas eternas revisões sondadas por infindos porquês, e que poucas vezes alcançam a superfície; são eles os primeiros a tomar atitudes estúpidas. São como animais que comem onde defecam, desculpem-me a imagem. São como são, qualquer tentativa de eufemismo é novamente a mesma covardia que coaduna com tal comportamento - sentimentalismo do fraco. Reservo-me ao maldizer, ainda sou incapaz de resolver este problema de causas e poderes.
— Alienação às avessas (Erismund di Al’mamun).