O pesar de um pássaro
Trancam-me em uma gaiola, proíbem-me de cantar e voar, privam-me da liberdade que é minha por direito. Não me oferecem as melhores condições de canto, parece que não querem que eu seja bom nisso, que eu fale, me expresse e demonstre o que sinto. Me negaram asas, talvez por medo de fugir, conhecer o mundo e abandoná-lo. A prisão está enferrujada e já faz algum tempo, não trocam mais a água, a comida é racionada, banhos são negados, a luz do sol?! (Risos) Não a vejo há um longo tempo. Meus irmãos morrem e são substituídos, uns exageraram na pedrinha que é colocada entre as grades, outros foram, covardemente, alvejados. A visita de forasteiros é constante, criaturas estranhas e enormes aparecem e causam o pavor, tentam pegar-me a todo custo, o azar dessas criaturas é a minha vantagem de conseguir saltar entre os pauzinhos de madeira e incrivelmente, o fato de estar aprisionado. "As grades servem para proteção, o resto é ilusão", sábio companheiro, um dia, me contou. O vôo, sonho com ele há algum tempo, a liberdade, o bater das asas contra o vento, livre para ser o que eu quiser e tomar meu próprio rumo, sem influência de nenhum crápula. A pergunta serve de reflexão: quando sair da gaiola, voarei e ascenderei ou cairei no abismo desconhecido pela incapacidade que me negaram a vida toda.