ITINERÁRIO DE MISÉRIAS

(para Morais Cardoso Policarpo, in memoriam)

Há textos que contrariando o naturalmente esperado, perpassam além de sua imanente temporalidade. Que são quase atemporais, se bem que isto não é lucidamente concebível, caso pensemos mais profundamente. Por ter sido concepção e constatação do humano ser, o tempo a tudo consome. Deixa ruínas sobre ruínas. Tudo o que ele toca vira pedra – a imortalidade muda – para tentar vencer a finitude. A altissonante agonia de se estar no mundo, por ser impossível a constrição da inquietude. Consciência temerosa da capacidade de gestar mudanças. Com elas ou sem, a vida segue lentamente o seu itinerário de misérias. Particularmente para os mais necessitados de tudo, nos quais ressalta o Afeto. Porque sem este, não há como se conceber a perspectiva da Esperança...

– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2017.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/5971852