POÉTICOS PENSAMENTOS NOTURNOS (I, II e III)

POÉTICOS PENSAMENTOS NOTURNOS (I, II E III)

(I)
Pressinto que há um adultério das minhas vontades,
quando sinto que tenho de representar o normal,
à saciedade plena,
aos planos da sociedade.

Eu sempre divirjo da multidão;
eis que porisso,
meu plano de vôo é feito c'os pés no chão.


 
(II)
As vezes acho que o filme da minha vida é feito em preto-e-branco.
Mas não feio ou desacompanhado de modernidade.
Sou feliz em favor da tecnologia.
Mas não sou autodidata.
Eu já pensava no hoje, muito lá atrás, no ontem.
Falo, portanto, a verdade,
sem heresias.
Eu acho que enfim,
tudo isso é meu charme - inda que pouco e barato -
purificado em poesias.


(III)
Um bombom de chocolate, exposto-contido-guardado na cristaleira do móvel central da minha sala, não é poesia;
Esta se lê, é escrita. Pairada em loucura e sabedoria.
Aquele é um doce. Se come... embora aos dedos se mela, em vã filosofia.
E tudo são pontos de vista.
Mas o fato é que ambos - cada qual na sua existência -
são digeridos feito à minha vontade, e vícios...