As Camadas em Nós
Há imensas e densas camadas de "nós" em nós. O corpo esconde, e em grande parte dos casos, resume muito mal todo o abismo que somos. Profundíssimas e sublimes poesias, guardadas em sorrisos simples, em abraços não-dados, em canções-de-quarto, em emudecimento histérico. Infelizmente o brilho sufocado, que enobrece nosso cotidiano, atrai mais famintos que cultivadores. Tentam colonizar nossos céus, ferir nossos mais delicados sonhos ebúrneos, tentam nos amar pela rasa sensação que "a-eles-pertencer" os empresta. Muitos de nós apenas querem o som entorpecente de chuva sobre o telhado, o balançar de redes num domingo silencioso, ou o encontro feroz com todo o caos interpenetrado, lidar com a dor de existir da melhor maneira possível. Apenas não meça a vida alheia pela régua de seus sentidos, e siga "sendo" e "se tornando". Sempre avante, movendo-se ou não!