O Profeta III (Sobre a Terra)
Por vir da terra, senti o gosto amargo de ser pisado,
Arado sem o menor respeito e castigado,
Explorado e extraído sem nenhum escrúpulo,
Tornando-me infértil pelo abuso humano.
Minha natureza é água,
Deixaram-me a deriva,
E hoje trago em goles secos as raízes amputadas de mim,
Virei esgoto de uma nação,
Impregnada de impureza humana.
Minha vida é ar,
E sufocam-me a céu aberto,
Com as queimadas, meu futuro e cinzas,
Torno-me deserto e solitário,
Poeira pra civilização humana.
Sou o último elemento fogo,
E um dia queimarei a alma,
Arderei em chamas para sufocar o desprezo por mim,
Deixarei apenas ossos expostos
E aquilo que um dia fora uma civilização sedenta,
Tornar-se-á uma humanidade esquecida.
Texto: O Profeta III (Sobre a Terra)
Autor: Osvaldo Rocha
Data: 13/05/2007
,