DA FELICIDADE
É provável que você não conheça o mundo inteiro. Já pensou nisso? Cogite!
É bem possível que Dubai, Hollywood ou a Disney não sejam seus destinos.
Pode ser que jamais entre em uma Ferrari ou naquela Lamborghini dos sonhos
Possivelmente você não terá aquele iate de alguns milhões de dólares.
Por fim, são grandes as chances de nunca voar no jato particular padrão AAA que você tanto almeja.
Qual o problema? Não haveria, também, beleza em reconhecer que não se é onipotente e que experiências outras - muitas vezes nos detalhes - também podem ser alegradoras?
O mundo vive a filosofia do "I believe i can fly". Preso à frase de Walt Disney - bela por sinal - que diz, mais ou menos o seguinte: "Se você pode sonhar, você pode fazer." Além daquelas propagandas de material esportivo, bebida alcoólica ou mesmo de condicionadores e produtos de beleza que versam sobre acreditar no impossível.
Tudo isso é bonitinho! Funciona, de vez em quando. Não deve ser totalmente descartado.
No plano da fé, para quem tem uma, ao contrário, deve ser essa a convicção central.
Agora, na concretude desta realidade atômica, pense bem: Não é uma regra que vale para todos e o tempo todo. O sucesso pleno não existe. Há, sim, casos pontuais de êxitos ímpares, mas, a ideia de que “basta acreditar e você, impreterivelmente, será bem-sucedido” não se aplica a tudo na vida, ao menos no plano físico não é assim que a banda toca (de novo: a exceção é válida, eventualmente, para a fé...).
Recomendo que faça suas adaptações a esse pensamento. Vai ser bom! Te ajudará!
Se você é assalariado, não faz parte de uma dúzia de famílias que detém 80% da riqueza mundial, sugiro que não aja como a maioria deles. Nem tente! O dinheiro custa caro. Dizem que ele é sujo. O homem o torna sujo, como torna qualquer outra coisa que quiser. É de inteligência questionável gastar metade do ordenado de um mês de árdua labuta em uma bolsa ou um tênis, por exemplo. É de inteligência questionável cultuar uma caneta que pagaria todas as dívidas – deixando, ainda, algum trocado - de quem não teve a oportunidade de aprender a escrever. É de sabedoria duvidosa incinerar, em sucessivas noitadas e, geralmente, sem a lucidez necessária para discernir as finalidades, o que te ajudaria a ter um futuro melhor ou menos desconfortável.
Não é questão de não ter ambição alguma. Não estou falando de avolição. Tenho minha fé. Não sou niilista – embora não seja nenhum demérito ser.
Me refiro a ter um pouco (demais também é um saco!) de “pés no chão.”
Não digo para superar as adversidades. Se ocorrer, ótimo! Digo, porém, para resistir. Superar presume deixar no passado, tornar-se mais forte, quando não se tem tais garantias: nem de que o infortúnio não se repetirá, transformará... nem de que ele não seja capaz de nos despedaçar. Resistir, sim, é vencer. Porque é uma vitória constante, como os desafios são constantes. Por isso fico com a frase de Guimarães Rosa "a vida é um rasgar-se e remendar-se" e com o que Cartola cantou: "o mundo é um moinho..."
Não é pessimismo. É sobre suportar e aprender a lidar com as frustrações. Entre elas, a falta daquele jatinho tão desejado. Não se feche a uma única ideia de felicidade. Lembre-se: a felicidade é polimorfa.