A verdade é que...
Idealizamos tudo.
A ansiedade de crescer e a velhice. A paixão e o amor. A vida com a realidade. As pessoas com as pessoas de verdade. O 'eu' inatingível que queremos ser, com o 'eu' imperfeitamente simples que existe.
Negamos o que for diferente do que criamos. As pessoas primeiro precisam ser do jeito que queremos que sejam, caso contrário, não podemos ama-las. É como se fosse uma via de mão dupla: Só vou amar você, se você for do jeito que eu quero que seja, do jeito que eu espero. Do mesmo modo, fazemos isso conosco, impondo-nos o modo melhor de ser, para que possamos ser amados...
Mas amar, ah! Não envolve tais exigências. Isso envolve se despir, da alma, da parte ruim, da parte boa e de toda a parte. Envolve enxergar o outro com um olhar que só espera ver a verdade e de verdade, sem máscaras. Envolve ter medo por sentir algo tão grande que te foge o controle, te foge a respiração. Envolve falta de palavras e verbos para expressar o que é ser aceito pelo amor que não julga, não impõe - não pergunta seus hobbs e seu signo para ver se pode seguir em frente com você.
E amar refaz o que for, é algo velho que não se consegue escolher joga-lo fora, ele nunca vai, nunca te deixa. Ele permanece incessantemente ali, aguardando - as vezes nem sabe ao certo o que - mas ele fica, ele não se estressa ou se apressa, ele respira a cada dia, amar te ensina: que você só é um ser humano pequeno mas que, ainda bem, pode senti-lo. E para o amor, só basta sentir para já estar vivendo-o.
Crescer é intenso, isso é verdade, mas na tua infância mesmo, você já tinha tudo. A velhice poderá vir com a calmaria, e você poderá ter mais tempo pra você e se redescobrir, em vez de viver abandonado como você pensa. Apaixonar-se com certeza, não é a mesma coisa dos filmes. A vida vai ser difícil muitas vezes, mas ela é boa sendo real. E desconfio que sermos o nosso 'eu' simples vale mais a pena que correr em busca de alguém que não somos nós, mas que queremos a qualquer custo.
Escolha você e os outros porque você é você, e os outros são os outros. Cada um com a capacidade de ser de verdade, sem medo, de viver o amor, de ser companhia para o amigo em vez de ir embora. De ser a realidade boa, ao invés da idealização perfeita. De se assustar com a realidade por ver que é completamente o oposto das teorias criadas na sua cabeça. A teoria é importante, mas a caminhada aqui nos ensina que a prática faz tudo fazer sentido.
É preciso largar de mão as fantasias as vezes, pra se surpreender com o real.
- Thaís Cordeiro