Perdoar-te
Era engraçado a forma como as suas palavras adentravam o meu ser.
Suave.
Certeira.
Mórbida.
Eu lhe repreendia com tanta veemência: “o que de mim você quer? Diga, pelo amor de algum e qualquer deus, eu não aguento mais as suas incertezas.”
Eu sempre sobressaía ao seu toque que rasgava minha pele.
Você sempre me machucou.
Quantos anos-luz serão necessários para esquecer você?
Seu desdém me desnorteia.
Quero perdoar-te. Do fundo do meu coração, onde habitam os mais impetuosos sentimentos por você, quero perdoar-te.
Como se perdoa quem mata a gente?
Você me desarmou e atirou em mim.
Desfaleci em meio às suas mentiras.
Desvencilhei-me da minha razão ao doar-me tanto às migalhas que eu recebia.
Cê nunca me amou e como pôde?
Como se perdoa quem mata a gente?