O conceito de normalidade
O mundo atual está cheio de indivíduos artificiais, dotados de fachadas
atraentes, que conseguem vitórias de prestígio, sem que por isso se
sintam menos inseguros, menos ansiados. Excessiva ansiedade pode ser o motivo das suas conquistas sucessivas e do seu fracasso íntimo. Por esta razão, quando pensamos em termos de normalidade, devemos estar mais interessados em avaliar a estrutura caracterológica pessoal do que em pesar e medir sucessos e fracassos. Um marceneiro no fundo da sua oficina, levando uma vida honesta e laboriosa ao lado da família, imbuído do sentimento da própria utilidade, e satisfeito com as formas que tira da madeira, pode ser mais normal do que o homem de negócios vitorioso, que nunca se satisfaz com a altura das pilhas de moedas na caixa forte, ou o brilhante condutor de massas, aplaudido pelas multidões, mas dentro de si mesmo envergonhado dos seus recursos golpistas e receoso dos homens e da má vontade de forças ocultas.
Todas as considerações acima conduzem muito naturalmente à conclusão de que a última palavra em matéria de normalidade é dada pela organização da estrutura do caráter pessoal. Finalizando, como sumário dos fatos apontados, diremos que o indivíduo adulto normal exibe uma personalidade que se caracteriza por harmonia entre os diferentes planos da organização pessoal. Nessas condições, suas atividades são espontâneas e naturais; sua conduta explícita condiz com as realidades emocionais profundas. (DOYLE, 2004).