A longa jornada
Por mais incompreensível que possa parecer, tudo o que passamos é parte da nossa jornada chamada vida. Não entendemos sempre (ou quase nunca) por que sofremos certas experiências dolorosas, somos injustiçados, não conseguimos sempre o reconhecimento que julgamos merecido, mas faz parte da nossa existência e contribui para moldar tudo que podemos nos tornar.
A vida é uma longa jornada, onde todos nós passamos por acontecimentos além de nosso entendimento, que muitas vezes podem nos fazer perguntar: "Por que tenho de passar por isso?", "É justo que isto esteja acontecendo comigo?"
Entretanto, de nada adianta ficarmos nos fazendo estas perguntas irrespondíveis. Sabemos muito bem que não conseguiremos obter as respostas pelas quais tanto ansiamos e que, se insistirmos nelas, cairemos numa terrível angústia que poderá nos aprisionar impiedosamente. É isto o que queremos para nós: terminar aprisionados numa cela construída por nossos medos e dúvidas? Precisamos tomar cuidado, pois não é, de forma alguma justo conosco que nos tornemos nossos próprios carrascos por não sabermos lidar com nossas próprias angústias.
É verdade que muitas coisas que ocorrem no mundo e nas nossas vidas nos levam a questionar e refletir e é bom que reflitamos para não aceitarmos tudo passivamente e nos tornemos seres apáticos, mas há muitas verdades que estão milhas além da nossa limitada compreensão humana e insistir em tentar entendê-las pode até nos impedir de aproveitar qualquer chance de felicidade que porventura nos apareça.
Então, qual a alternativa que nos resta? Viemos a este mundo para cumprir a longa jornada completamente despreparados e muitas das coisas que precisamos aprender só aprendemos através de experiências difíceis que nos obrigarão a rever a forma como enxergamos o mundo, as pessoas e até a nós mesmos. Há lições que só poderemos aprender se vivenciarmos o aspecto tortuoso da vida.
Qual a conclusão a tirar? Que realmente não podemos evitar o sofrimento e a angústia, que não será possível compreender o porquê de tantas coisas pelas quais passamos, mas que elas acabam por nos abrir os olhos sobre muitos aspectos da vida. De que adianta, por exemplo, nos revoltarmos com a morte de alguém próximo, culpando a Deus ou ao destino? Qualquer um de nós vai experimentar perdas dolorosas enquanto for vivo e querer viver sem sofrer ou perder não seria o mesmo que desejar ser melhor que as outras pessoas? Não adianta agir assim.
Portanto, aceitemos, ainda que sem entender, que mesmo as piores experiências vividas são parte integrante da nossa jornada.