Fotografia © Ana Ferreira
FRAGILIDADE
- Está sentindo fome, pai?
- Está com soninho, mãe?
Pergunta a filha mais nova, enquanto o irmão vigia a panela de canja de galinha.
- Bom apetite, mãe! A canja está do seu agrado? Tem pão de ontem esquentando no forno, foi o senhor Manoel da padaria que ofereceu. A senhora quer?
- Bom proveito, pai! A galinha está macia e bem desfiada do jeito que o senhor gosta.
Doente, doente, a mãe! Demente, demente, o pai! Pouco, pouco, o dinheiro! Muito, muito, o amor!
- Mãe, já tomou os remédios? Precisa beber muita água para não desidratar.
- Pai, coma uma frutinha! E já está na hora de tomar os comprimidos amarelos.
- Mãe, está sentindo frio? Vou fechar a janela. Não podemos esquecer que tem um exame marcado para amanhã às 8 horas!
- Pai, vamos vestir um casaco. Vou pegar também umas meias pois os seus pés estão um pouco frios. Depois vamos tomar um banho bem quentinho!
- Mãe......
- Pai......
Invertem-se os papéis... E a mãe torna-se filha. E o pai torna-se filho. E os filhos, pais. Frágil, frágil, a vida!
Ana Flor do Lácio
- Está sentindo fome, pai?
- Está com soninho, mãe?
Pergunta a filha mais nova, enquanto o irmão vigia a panela de canja de galinha.
- Bom apetite, mãe! A canja está do seu agrado? Tem pão de ontem esquentando no forno, foi o senhor Manoel da padaria que ofereceu. A senhora quer?
- Bom proveito, pai! A galinha está macia e bem desfiada do jeito que o senhor gosta.
Doente, doente, a mãe! Demente, demente, o pai! Pouco, pouco, o dinheiro! Muito, muito, o amor!
- Mãe, já tomou os remédios? Precisa beber muita água para não desidratar.
- Pai, coma uma frutinha! E já está na hora de tomar os comprimidos amarelos.
- Mãe, está sentindo frio? Vou fechar a janela. Não podemos esquecer que tem um exame marcado para amanhã às 8 horas!
- Pai, vamos vestir um casaco. Vou pegar também umas meias pois os seus pés estão um pouco frios. Depois vamos tomar um banho bem quentinho!
- Mãe......
- Pai......
Invertem-se os papéis... E a mãe torna-se filha. E o pai torna-se filho. E os filhos, pais. Frágil, frágil, a vida!
Ana Flor do Lácio